terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Para a tristeza:

Companheira, sei que vc vai chorar quando ler esta carta. Vai ser difícil para mim, pois me acostumei à sua presença, porém não vejo mais motivos para continuarmos juntas.
Perdi anos de minha vida ao seu lado, tristeza, acreditando que o amor não existe e o mundo não tem jeito. Vc é péssima conselheira.
Chegou a hora de dar chance à alegria, que há muito tem mostrado interesse em passar um tempo comigo.
Desde criança, abro mão de muita coisa por vc. Festas a que não fui porque vc não me deixou ir, paisagens lindas nas quais não reparei porque vc exigiu de mim total atenção.
Quero de volta meus discos de dance music, que vc tirou da prateleira. E minhas roupas estampadas, que sumiram do meu armário depois que vc se instalou aqui.
Quero ver a vida por outros olhos, que não os seus. Quero beber por outros motivos, que não afogar vc dentro de mim.

Como disse Lulu hj de manhã no carro a caminho do trabalho: Não te quero mal, apenas não te quero mais.
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Fernanda Young

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O QUE É AMOR?


Amor é quando você fala para um garoto “que linda camisa ele está vestindo” e aí ele a veste todo dia.
- Noelle, 7 anos.

Amor é quando você sai para comer e oferece suas batatinhas fritas, sem esperar que a outra pessoa te ofereça as batatinhas dela.
- Chrissy, 6 anos.

Amor é quando alguém te magoa, e você mesmo muito magoado não grita porque sabe que isso fere seus sentimentos.
- Samantha, 6 anos.

Amor é quando seu cachorro lambe sua cara, mesmo depois que você deixa ele sozinho o dia inteiro.
- Mary Ann, 4 anos.

Amor é quando minha mãe faz café para o meu pai e toma um gole antes para ter certeza que está do gosto dele.
- Danny, 6 anos.

Amor foi quando minha avó pegou artrite, e ela não podia se debruçar para pintar as unhas dos dedos do pé. Meu avô desde então, pinta as unhas para ela.
- Rebecca, 8 anos.

O amor não é quando o seu amor corre de você no pega-pega, e sim quando ele te da a mão e chama para correr com ele.
- Mary, 6 anos.




domingo, 17 de outubro de 2010

— Bom dia, disse a raposa.

— Bom dia, respondeu polidamente o principezinho.

— Quem és tu? Tu és bem bonita.

— Sou uma raposa, disse a raposa.

— Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste.

— Eu não posso brincar contigo, disse ela. Não me cativaram ainda

— Que quer dizer "cativar" ?

— É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."

— Criar laços ?

— Tu és ainda para mim um garoto igual a cem mil outros garotos. E eu
não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim.
Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para
mim ÚNICO no mundo. E eu serei para ti única no mundo. E a raposa
continuou:

— Minha vida é monótona. Mas se tu me cativas, minha vida será como que
cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos
outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me
chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha!
Vês,
lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é
inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste!
Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me
tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu
amarei o barulho do vento no trigo.

— Por favor, cativa-me! - disse a raposa.

— Bem quisera, disse o principezinho. Mas tenho pouco tempo e amigos a descobrir e coisas a conhecer.

— A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os
homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo pronto
na lojas. Mas como não existem lojas de amigos, eles não têm mais
amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

— Que é preciso fazer?

— É preciso ser paciente. Sentarás primeiro longe. Eu te olharei e tu
não dirás nada. A linguagem é fonte de mal-entendidos. Mas cada dia
sentarás mais perto. E virás sempre na mesma hora.
Se
tu vens às 4, desde às 3 eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora
for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às 4 horas, então, eu estarei
inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade. Mas se tu vens a
qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração. É preciso
ritos!

Assim, o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

— Ah! Eu vou chorar.

— A culpa é tua, disse o principezinho. Eu não queria te fazer mal, mas tu quiseste que eu te cativasse...

— Quis.

— Mas tu vais chorar !

— Vou.

— Então não sais lucrando nada!

— Eu lucro, por causa da cor do trigo.

— Vais rever as rosas e volta. Tu compreenderás que a tua é ÚNICA no mundo.

— Eis o meu segredo: Só se vê bem com o coração. O essencial é
invisível aos olhos. Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez
tão importante. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves
esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

(O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)

sábado, 9 de outubro de 2010

ESSE TIPO DE GENTE


Acredito que todo mundo uma vez na vida já teve uma amiga invejosa, ou que quisesse puxar seu tapete, ou que desse em cima do seu namorado. Ou que, simplesmente fosse uma pessoa que se dizia sua amiga mas não era. Ou aquela “amiga” que parecia um corvo de filme de terror e tudo que você contasse pra ela dava errado. Já teve uma amiga assim? Então você sabe do que eu estou falando.

Tem gente que não sei. Tem uma energia ruim. Não sei explicar. Tudo na vida da pessoa dá errado. A vida dela parece um inferno. A casa já foi roubada. O irmão morreu afogado. A mãe tem problemas com drogas. O carro, já bateu duzentas vezes. A placa foi clonada. A cabeleireira errou na química e destruiu o cabelo. Tudo – mas tudo – acontece com ela. Namorado, já trocou cinco vezes no ano e nada dá certo ou vai pra frente. Doença é uma por semana. É um verdadeiro mau agouro a vida da pessoa.

E esse tipo de gente, não sei. De novo, não sei. Parece que esse tipo de pessoa atrai coisa ruim. Atrai doença, desastre, acidente. Já conheci três pessoas assim na vida. E elas espalham o mau agouro por onde vão. As coisas vão dando errado pro resto da família. Como um dominó que vai derrubando um por um em seguida.

Esse tipo de gente negativa geralmente faz amizades por motivos diferentes dos nossos. Não, elas não querem a nossa companhia. Não precisam dos nossos conselhos. Elas simplesmente precisam da gente. Precisam da gente pra ouvir seus lamúrios e reclamar da vida. E o pior: elas querem te ver reclamar. Não, elas não agüentam te ver feliz. Não, elas não admitem que nada dê certo na sua vida. Sim, elas vão sempre ver o lado negativo de tudo – absolutamente tudo – que você comentar que vai fazer. Elas estão sempre te dando conselhos pra te fuder e te ver no fundo do poço (mas na hora que você está precisando de conselho, você não consegue perceber isso).

Esse tipo de gente adora te ouvir. São capazes de te ouvir por horas se você quer reclamar ou lamentar a vida. Vão te ouvir eternamente se você quer falar mal dos homens, ou do quanto sua vida anda ferrada ou do tanto que você se deu mal no novo emprego. Ou simplesmente falar mal de algo ou de alguém. Mas não ouse falar do tanto que seu trabalho novo é incrível, que sua amiga nova é legal ou que seu namorado é bacana. Você vai ouvir um “que bom” ou simplesmente um pitaco errado. Um palpite sobre algo, mesmo que elas não façam a mínima idéia do que estão falando. Sim, elas entendem de todos os temas do universo. E sempre acham um defeito em tudo. Tu-do. Essas pessoas têm uma lente de aumento que funcionam só pras coisas ruins. Um amplificador de desgraças.

De gente assim, já deu pra mim. Cansei de compartilhar a infelicidade alheia, até mesmo quando a infelicidade nem existia. Cansei de ver o alheio querendo refletir sua infelicidade em mim. Cansei de ouvir que “não vai dar certo”, que “você não está bem”, que “não é pra você”. Essas pessoas são suas melhores amigas quando você está na lama. Conhecem, de cor, uma lista de remédios pra depressão e vão falar que você precisa de pelo menos uns três desses. Mas elas não querem resolver o seu problema, não suportariam te ver feliz. Elas só precisam de companhia pro problema delas.


(Brena Braz- Uma das melhores escritoras que eu já conheci)

domingo, 5 de setembro de 2010


É para amar melhor.

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Lista




Faça uma lista de grandes amigos,
quem você mais via há dez anos atrás...
Quantos você ainda vê todo dia ?
Quantos você já não encontra mais?

Faça uma lista dos sonhos que tinha...
Quantos você desistiu de sonhar?
Quantos amores jurados pra sempre...
Quantos você conseguiu preservar?
Onde você ainda se reconhece,
na foto passada ou no espelho de agora?

Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora...
Quantos mistérios que você sondava,
quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo,
era o melhor que havia em você?

Quantas mentiras você condenava,
quantas você teve que cometer ?

Quantas canções que você não cantava,
hoje assobia pra sobreviver ...

Quantos segredos que você guardava,
hoje são bobos ninguém quer saber ...

Quantas pessoas que você amava,
hoje acredita que amam você?

sexta-feira, 14 de maio de 2010







É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão poerfeita. Eu chamo isto de estado agudo de felicidade.

(Clarice Lispector)

sábado, 27 de março de 2010


Pessoas no mundo inteiro apagam as luzes por uma hora neste sábado (27)



Neste sábado (27), entre 20h30 e 21h30 (horário local) , pessoas de todo o mundo apagarão voluntariamente suas luzes em um ato simbólico contra o aquecimento global. O primeiro lugar a aderir à chamada Hora do Planeta deve ser as Ilhas Chatham, na Nova Zelândia, às 3h45 de Brasília.

Pelo menos 812 cartões-postais de mais de 120 países ficarão no escuro, como a Torre Eiffel, em Paris, e o Portão de Brandenburgo, em Berlim. No Brasil, monumentos como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, a Ponte Octavio Frias de Oliveira, em São Paulo, o Palácio de Cristal, em Curitiba, e o Arco da Praça Portugal, em Fortaleza, vão ficar apagados durante a Hora do Planeta.

A campanha, liderada pela Rede WWF (World Wide Fund for Nature), conta com o apoio de 64 cidades brasileiras - das quais 17 capitais - distribuídas em 19 Estados de norte a sul do país, além de mais de 1.500 empresas e 249 organizações. "Estamos felizes com os resultados já obtidos e esperançosos de que vamos conseguir ainda mais adesões", diz Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.

UOL na Hora do Planeta

O UOL - Universo Online também abraçou a causa e promove uma ação editorial para estimular o engajamento dos internautas.

Diversas estações de conteúdo exibem um cronômetro regressivo para a Hora do Planeta de acordo com o horário de Brasília. Quando chegar o momento, o internauta será convidado a apagar as luzes e aderir ao movimento.

A Hora do Planeta acontece às 20h30, independentemente do local onde está o internauta. Para quem mora no Acre, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima , o cronômetro está uma hora adiantado. Já para quem está em Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo, assim como para as Ilhas Martin Vaz e Trindade, o contador está uma hora atrasado.

Anos anteriores

A adesão estimada no Brasil deve superar a do ano passado, quando participaram 51.926 pessoas cadastradas e centenas de outras que não fizeram o cadastro, mas apagaram suas luzes durante uma hora.

No resto do mundo, a participação também aumentou. Esta edição conta com 33 novos países, entre eles Nepal, Mongólia, Arábia Saudita, Nigéria, Paraguai, Uruguai e Marrocos.


(Fonte: http://vestibular.uol.com.br/)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

É SÓ TER ALMA DE OUVIR E CORAÇÃO DE ESCUTAR


Aqui. Agora. Nesse momento...
O silêncio falará mais do que todas as palavras juntas.

Um dois mil e DEZ com mais amor e menos mentiras para todos nós.

domingo, 31 de janeiro de 2010

O contrário do Amor





O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.

O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.

Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.

Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Doidas e Santas


Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar o nosso poder de sedução para encontrar the big one, aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá prá ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar loura e cafetina, ou sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.

Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos.

Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota.

Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só se for louca de pedra.

Desconstruções

Quando a gente conhece uma pessoa, construímos uma imagem dela. Esta imagem tem a ver com o que ela é de verdade, tem a ver com as nossas expectativas e tem muito a ver com o que ela "vende" de si mesma. É pelo resultado disso tudo que nos apaixonamos. Se esta pessoa for bem parecida com a imagem que projetou em nós, desfazer-se deste amor, mais tarde, não será tão penoso. Restará a saudade, talvez uma pequena mágoa, mas nada que resista por muito tempo. No final, sobreviverão as boas lembranças. Mas se esta pessoa "inventou" um personagem e você caiu na arapuca, aí, somado à dor da separação, virá um processo mais lento e sofrido: a de desconstrução daquela pessoa que você achou que era real.

Desconstruindo Flávia, desconstruindo Gilson, desconstruindo Marcelo. Milhares de pessoas estão vivendo seus dias aparentemente numa boa, mas por dentro estão desconstruindo ilusões, tudo porque se apaixonaram por uma fraude, não por alguém autêntico. Ok, é natural que, numa aproximação, a gente "venda" mais nossas qualidades que defeitos. Ninguém vai iniciar uma história dizendo: muito prazer, eu sou arrogante, preguiçoso e cleptomaníaco. Nada disso, é a hora de fazer charme. Mas isso é no começo. Uma vez o romance engatado, aí as defesas são postas de lado e a gente mostra quem realmente é, nossas gracinhas e nossas imperfeições. Isso se formos honestos. Os desonestos do amor são aqueles que fabricam idéias e atitudes, até que um dia cansam da brincadeira, deixam cair a máscara e o outro fica ali, atônito.

Quem se apaixonou por um falsário, tem que desconstruí-lo para se desapaixonar. É um sufoco. Exige que você reconheça que foi seduzido por uma fantasia, que você é capaz de se deixar confundir, que o seu desejo de amar é mais forte do que sua astúcia. Significa encarar que alguém por quem você dedicou um sentimento nobre e verdadeiro não chegou a existir, tudo não passou de uma representação – e olha, talvez até não tenha sido por mal, pode ser que esta pessoa nem conheça a si mesma, por isso ela se inventa.

A gente resiste muito a aceitar que alguém que amamos não é, e nem nunca foi, especial. Que sorte quando a gente sabe com quem está lidando: mesmo que venha a desamá-lo um dia, tudo o que foi construído se manterá de pé

Dos ficantes aos Namoridos

Se você é deste século, já sabe que há duas tribos que definem o que é um relacionamento moderno.

Uma é a tribo dos ficantes. O ficante é o cara que te namora por duas horas numa festa, se não tiver se inscrito no campeonato “Quem pega mais numa única noite”, quando então ele será seu ficante por bem menos tempo — dois minutos — e irá à procura de outra para bater o próprio recorde. É natural que garotos e garotas queiram conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... Esquece, não acho natural coisa nenhuma. Considero um desperdício de energia.

Pegar sete caras. Pegar nove “mina”. A gente está falando de quê, de catadores de lixo? Pegar, pega-se uma caneta, um táxi, uma gripe. Não pessoas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegueeuse, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos.

Pegar, cá pra nós, é um verbo meio cafajeste. Em vez de pegar, poderíamos adotar algum outro verbo menos frio. Porque, quando duas bocas se unem, nada é assim tão frio, na maioria das vezes esse “não estou nem aí” é jogo de cena. Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. Deixaram a personalidade em casa, isso sim.

No entanto, quem pode contra o avanço (???) dos costumes e contra a vulgarização do vocabulário? Falando nisso, a segunda tribo a que me referia é a dos namoridos, a palavra mais medonha que já inventaram. Trata-se de um homem híbrido, transgênico.

Em tese, ele vale mais do que um namorado e menos que um marido. Assim que a relação começa, juntam-se os trapos e parte-se para um casamento informal, sem papel passado, sem compromisso de estabilidade, sem planos de uma velhice compartilhada — namoridos não foram escolhidos para serem parceiros de artrite, reumatismo e pressão alta, era só o que faltava.

Pois então. A idéia é boa e prática. Só que o índice de príncipes e princesas virando sapo é alta, não se evita o tédio conjugal (comum a qualquer tipo de acasalamento sob o mesmo teto) e pula-se uma etapa quentíssima, a melhor que há.

Trata-se do namoro, alguns já ouviram falar. É quando cada um mora na sua casa e tem rotinas distintas e poucos horários para se encontrar, e esse pouco ganha a importância de uma celebração.

Namoro é quando não se tem certeza absoluta de nada, a cada dia um segredo é revelado, brotam informações novas de onde menos se espera. De manhã, um silêncio inquietante. À tarde, um mal-entendido. À noite, um torpedo reconciliador e uma declaração de amor.

Namoro é teste, é amostra, é ensaio, e por isso a dedicação é intensa, a sedução é ininterrupta, os minutos são contados, os meses são comemorados, a vontade de surpreender não cessa — e é a única relação que dá o devido espaço para a saudade, que é fermento e afrodisíaco. Depois de passar os dias se vendo só de vez em quando, viajar para um fim de semana juntos vira o céu na Terra: nunca uma sexta-feira nasce tão aguardada, nunca uma segunda-feira é enfrentada com tanta leveza.

Namoro é como o disco “Sgt. Peppers”, dos Beatles: parece antigo e, no entanto, não há nada mais novo e revolucionário. O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para sempre. É ele quem encerra esta crônica, dando-nos uma ordem para a vida: “Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante".

(Martha Medeiros)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Promessas de Casamento

Casamento é lindo! Mas que a única coisa que me desagrada é o sermão do padre. "Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?" Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
- Promete se deixar conhecer?
- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros.

(Martha Medeiros)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A minha Dor

“Smile though your heart is aching”. (Charlie Chaplin)


Minha dor, guardo comigo. Aprendi a ser assim desde muito nova ainda. Você pode me olhar e não fazer a mínima idéia do que se passa aqui dentro. Você pode achar que estou feliz ou que acabei de ganhar na mega-sena quando na verdade acabei de perder uma pessoa que amava. Choro quando escrevo e escrevo quando quero chorar. Minha história ninguém conhece. Minhas agonias, meus amores perdidos, meus desencontros com o meu próprio mundo. Guardo comigo.

Não sei se isso é bom ou ruim. Tem gente que diz que falar ajuda a “colocar pra fora o que te faz mal”. Como vomitar em alguém. Despejar um balde de lixo na cabeça de alguém que não tem nada com isso. Não gosto dessa idéia. Sou meio homem nessas horas. Prefiro entrar na minha caverna, ficar muda sem falar com ninguém e resolver o assunto na minha cabeça. Coisas que aprendi numa cidade pequena onde as pessoas precisam viver de aparência. Estar, a todo momento, mostrando que está tudo bem, que a vida é boa, que o amor é lindo, que ninguém tem problemas em casa. Aprendi muito cedo a disfarçar minha dor.

Hoje não aceito qualquer coisa. Já aceitei demais. Não tenho que aceitar mais nada que alguém queira me impor sem meu consentimento. Aceitei calada as mazelas da vida, que desciam arranhando goela abaixo. Não aceito mais nada. Desculpe, não posso mais. Dói. Fere. Corta. Mas depois cicatriza. E toda cicatriz é uma pele mais forte. Mais resistente. Menos sensível. Segundo a Wikipédia, a cicatrização alivia a dor do corte, pois a pele se fecha novamente e só fica a marca do machucado. Concordo. Alivia a dor e depois fica a marca do que foi machucado.

Não aceito que me julguem sem me conhecer. Não aceito que me conheçam pelo meu sorriso ou pela falta dele. Se eu te contar minha vida, ouça sem me interromper. Não me dê conselhos, pois o que você terá ouvido são apenas histórias e não sentimentos. Demonstre compaixão, mas jamais tenha dó de mim. Não vou me fazer de vítima, muito menos assumir uma culpa que não for minha.

Não me diga onde errei. Eu sei. Conheço meus acertos mais louváveis e meus erros mais repulsivos. Se der errado, vivo meu luto de novo. Não me importo. Vai doer. Vai ferir. Vai cicatrizar e formar uma casquinha que depois sai só de passar a mão de leve como quem toca um mosquito do corpo. Bem ou mal, minha história me fez ser quem sou. Viveria cada segundo de novo como se fosse uma despedida. Talvez eu cometesse os mesmos erros. Talvez eu cometesse outros erros. Mas jamais passaria impune até aqui. Cada um sabe da sua história e só isso importa. Por isso, guardo comigo minha dor, minhas agonias e meus pesadelos mais tenebrosos. Divido as alegrias, as conquistas e os sonhos mais altos. Escrevo sobre o que eu sinto. Escrevo como uma forma de despejar meu lixo na cabeça de alguém. Acho mais limpo e igualmente purificador. Escrevo porque dor não cabe no papel – ou eu não saberia explicar. E dessa forma, minha dor continua só minha. Guardo comigo.

(Brena Braz - uma das melhores escritoras que eu já conheci)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010


Para 2010:

Eu te desejo não parar tão cedo, pois toda idade tem prazer e medo...

E com os que erram feio e bastante, que você consiga ser tolerante...

Quando você ficar triste que seja por um dia..E não o ano inteiro, e que você descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero...

Desejo! Que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda, exista amor prá recomeçar, prá recomeçar...

Eu te desejo muitos amigos mas que em um você possa confiar

E que tenha até inimigos prá você não deixar de duvidar...

Quando você ficar triste que seja por um dia e não o ano inteiro

E que você descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero...

Desejo! Que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda, exista amor prá recomeçar, prá recomeçar...

Eu desejo! Que você ganhe dinheiro pois é preciso viver também, e que você diga a ele pelo menos uma vez quem é mesmo o dono de quem...

Desejo! Que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda, exista amor prá recomeçar...

Eu desejo! Que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda, exista amor
Prá recomeçar..Prá recomeçar!